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domingo, 26 de maio de 2013

Dez motivos para não participar da “Marcha para Jesus”




Por Rev. Ageu Cirilo de Magalhães Jr. 


No dia, 03/09/2009, o então Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
Estavam ali, naquele ato, alguns líderes do governo, juntamente com o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, e os bispos da Igreja Renascer em Cristo, Estevam e Sônia Hernandes. A sanção do presidente veio apenas tornar oficial uma prática que se repete a cada ano. Considerando o tamanho do evento e a quantidade de irmãos que mobiliza, alisto abaixo dez motivos que cada cristão deveria considerar para não participar desta marcha. As informações que dão base à análise podem ser encontradas em sites de promoção da marcha:
1.                   A igreja que organiza a maior parte da marcha é conduzida por um homem que se autodenomina apóstolo. Este é um erro cada vez mais frequente em algumas denominações. É sabido que o título “apóstolo” foi reservado àquele primeiro grupo de homens escolhidos por Cristo. Após a traição e suicídio de Judas, os apóstolos escolheram outro para ocupar seu lugar (At 1.15-20), mas, como foi feita esta escolha? Que critérios foram usados? 1º) Ter sido discípulo de Jesus durante o seu ministério terreno; 2º) Ter sido testemunha ocular do Cristo ressurreto. Portanto, ninguém que não tenha sido contemporâneo de Cristo ou dos apóstolos (como Paulo o foi) pode sustentar para si o título de apóstolo;
2.                  A igreja que organiza a marcha ensina a Teologia da prosperidade (crença de que o cristão deve ser próspero financeiramente), Confissão positiva (crença no poder profético das palavras — assim como Deus falou e tudo foi criado, eu também falo e tudo acontece), Quebra de maldições (convicção de que podem existir maldições, mesmo na vida dos já salvos por Cristo) e Espíritos territoriais (crença em espíritos malignos que governam sob determinadas áreas de uma cidade);
3.                  A filosofia da marcha está fundamentada em uma Teologia Triunfalista (tudo sempre vai dar certo, não existem problemas na vida do crente), tendo como base textos como Êxodo 14 (passagem de Israel no mar Vermelho) e Josué 6 (destruição de Jericó);
4.                 De acordo com os sites que organizam a marcha, uma das finalidades dela é promover curas e libertações;
5.                  A marcha não celebra culto, mas “show gospel”;
6.                 Os líderes do movimento propagam que a marcha tem o poder de “mudar o destino de uma nação”;
7.                  Na visão do grupo, com base em Josué 1.3: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado”, a marcha é uma reivindicação do lugar por onde passam na cidade;
8.                 Na visão do grupo, a marcha serve para tapar as “brechas deixadas pelos atos ímpios de nossa nação”;
9.                 Na visão do grupo, a marcha destrói “fortalezas erguidas pelo inimigo em certas áreas em nossas cidades e regiões”;
10.              A marcha tem caráter isolacionista, próprio de gueto, e não o que Cristo nos ensinou, a saber, envolvimento amplo na sociedade, como sal e luz (Mt 5.13-16), com irrepreensível testemunho cristão: “...mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pe 2.12).
Ademais, é importante observar que toda a organização da marcha está centrada nas mãos de uma igreja apenas, excluindo-se o alegado caráter de união entre os evangélicos.
Tanta força e entusiasmo deveriam ser canalizados para a pregação do evangelho. As pesquisas indicam que os evangélicos já somam 25% da população brasileira, no entanto, a imoralidade, a corrupção e a violência estão cada vez maiores em nosso país. Os canais de TV, os programas de rádio, bem como as marchas não têm gerado transformação de vida em nosso povo.
A marcha que Cristo ensinou à sua igreja foi outra, silenciosa e efetiva, tal qual o sal penetrando no alimento (Mt 5.13); pessoal e de relacionamento, como na igreja primitiva (At 8.4); cotidiana e sem cessar, como entre os primeiros convertidos (At 2.42-47).
Que Deus nos restaure essa visão. 

                                                                                                                                                       

Rev. Ageu Cirilo é pastor da Igreja Presbiteriana Vila Guarani, São Paulo, diretor do JMC e membro do Conselho Editorial da CEP.
Texto extraído do jornal Brasil Presbiteriano de Maio de 2013. 

5 comentários:

  1. Não sou membro dessa igreja no qual vc cita, mas não vi nenhum argumento que realmente convença seus 10 motivos para não participar desse movimento....ah, eu não participo de marcha... ja participei, mas optei por não participar mais....
    Verdadeiros cristãos, não estão aqui para julgar... a igreja de Cristo é uma só....(ou pelo menos deveria ser assim).... placa de igreja, denominações... isso NÃO SALVA NINGUÉM!!!!! Temos que nos preocupar sim, com nosso coração, com aquilo que somos... isso sim é o q importa para Deus....não adianta falar que não vai participar de Marcha pq acha isso ou aquilo, e seu coração não esta de acordo com o que Deus espera de vc, assim como tem pessoas que participam e tem um coração cheio de gratidão e temor à Deus e Ele se agrada disso! Enfim, pessoal, vamos nos focar mais no que Deus quer de nós... e vamos parar de ficar nos "degladeando" falando sobre outras igrejas, pessoas.... Vamos olhar mais para Deus... e outra, não nos enganemos, pessoas SANTAS 100% e donas da verdade, NÃO EXISTEM aqui neste mundo.... quem chega a estatura do varão perfeito, já não está mais aqui...
    Fiquem na paz! ;)

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    1. Olá, minha irmã. Salutar seu intuito de debater as questões suscitadas no texto do rev. Ageu. Agradeço pela visita ao blog.

      Pois bem, sobre os pontos que você levantou, primeiramente, acho importante indagar, no dizer de John Ankerberg, que "se a doutrina bíblica não é o padrão final, então onde traçar os limites do que é ou não cristão?". O cristianismo é uma religião eminentemente doutrinária. Jesus se deteve mais em ensinar do que em realizar outros feitos. O próprio Mestre disse que viera com a missão precípua de pregar acerca do Reino (Mc 1.38, parte final), bem assim afirmou que é o conhecimento da verdade que traz libertação (Jo 8.32). Nessa linha, cabe destacar as inúmeras advertências feitas quanto aos falsos mestres nas páginas do Novo Testamento. Não poucas vezes o apóstolo Paulo advertiu os irmãos das igrejas que fundara com relação ao trabalho pernicioso e astuto desses charlatães da fé e, ao perfazer esse alerta, o mesmo Paulo valia-se do julgamento segundo parâmetros objetivos postos na Escritura. Vide, por exemplo, a severa admoestação feita em 2 Co 11.4-5,13-15 com relação a esses falsários, que, além de pregar um outro evangelho, extorquiam os irmãos coríntios, como que cobrando por seus serviços "pastorais". Cabe mencionar, ainda, a severidade de Paulo direcionada aos mestres judaizantes que pervertiam o evangelho autêntico anunciado pelo apóstolo e lhe acresciam preceitos da lei judaica, esvaziando o significado da cruz de Cristo (Gl 1.6-9). Como é possível enxergar, não existe cristianismo sem sã doutrina, sem uma delimitação do que de fato é cristão. Sinceridade de coração não concede salvação, da qual podemos nos apropriar unicamente a partir dos méritos de Cristo, tomando conhecimento de sua obra salvífica por meio da revelação escrita (Hb 1.1-2). Uzá, quando conduzia a arca da aliança para Jerusalém, após o tropeço dos bois que a conduziam, estendeu a sua mão com vistas a evitar que a arca caísse por terra. Em razão disso, diz a Escritura que a ira do Senhor se acendeu contra Uzá e ele morreu ali mesmo (2 Sm 6.1-11). Ou seja, sinceridade não é o bastante. Precisamos, sim, estar em conformidade com a Palavra de Deus, não conforme nossos próprios juízos. A arca não deveria ser transportada num carro novo (veja Ex 25.10-14; Nm 4.15).

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    2. E quanto ao julgar, mencionado por você, examinemos se há critérios para se fazer um julgamento ou posso fazê-lo de maneira livre e inconsequente. Bem, a Escritura não pode ser corretamente interpretada se se perder de vista o seu sentido, global, sistemático. Assim, versículo deve correspondência a parágrafo, que deve correspondência a capítulo, que deve observar o livro, que deve guardar conformidade com o Testamento, que, por sua vez, deve se amoldar à Escritura como um todo. Dessa forma, uma das ferramentas interpretativas mais usuais é permitir que a Escritura seja seu próprio intérprete.

      Retornando à questão do julgamento, o que nos é dito pelo Texto Sagrado?

      1. Na pericope proposta em Mt 7.1-6, Jesus não proíbe todos os tipos de julgamentos, mas, antes, estabelece aquele embasado em gentil e humilde correção, que leva em consideração as falhas e debilidades de quem julga, possivelmente até maiores. Dizia o puritano Jonathan Edwards que, ao deparar com um pecado na vida de um irmão, procurava primeiro sondar a si mesmo com o objetivo de constatar se havia ou não a presença daquele mesmo pecado;

      2. Como diz John McArthur: "um julgamento sábio que não condene, mas diferencie crença de descrença também é necessário (vide v. 6). O critério de discernimento encontra-se no verso 16, que diz, no que se refere aos falsos profetas, "pelos seus frutos os conhecereis";

      3. Quando interpelado pelos judeus, em João 7, Jesus os censurou por emitir juízos sob parâmetros equivocados, no v. 24, ao dizer: "não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça". Jesus não desencorajou o julgamento, mas definiu suas balizas;

      4. Em 1 Corintios 5, ao discorrer sobre um caso de incesto na igreja de Corinto, Paulo institui princípios para que se efetue a disciplina e a correção naquela igreja, sempre, porém, tendo em vista o amor. Para que a disciplina seja exercida, deve-se, necessariamente, lançar mão de um julgamento. Notemos o v.12: "Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro"?

      Concluímos, a partir de alguns exemplos bíblicos, que o julgamento está presente na vida do crente, mas sempre assentado em motivações piedosas, verdadeiras e que tragam edificação, com critérios bem definidos pela Escritura.

      Por fim, o texto não tem a pretensão de externar santidade extrema do autor ou do editor do blog. Expressa tão somente o que se tem por sã doutrina, ao lado do testemunho das Escrituras e do que pregaram e escreveram os homens de Deus piedosos e ortodoxos que passam por essa terra e deixaram um legado ao longo da história da igreja.

      Sugiro, ainda, que se informe mais detidamente sobre as doutrinas questionadas pelo rev. Ageu, colocando-as sob à luz das Escrituras e note o quão facilmente são todas elas pulverizadas. Para tanto também recomendo a leitura do livro Super crentes, do Pr. Paulo Romeiro (http://www.gospeldownloads.com.br/album/ebook/2326/paulo-romeiro/super-crentes/), não mais encontrada à venda, mas disponível para download.

      Com ternura,

      Márcio Jones.

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  2. Marcio,

    Obrigada por todas suas explicações... e pelas dicas.. vou procurar me informar.

    Quero deixar bem claro aqui, que de forma alguma vim aqui para falar por falar. Apenas para expor sim o q eu achava, e sou humilde para reconhecer quando estou equivocada,e que busco sempre me aprofundar mais, principalmente no que diz respeito a Palavra de Deus.

    Deus te abençoe!

    Abs

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    1. Em certa ocasião, ouvi do Pr. Paul Washer aquilo que considero uma das lições mais preciosas de minha vida. Disse ele que o cristianismo e a sabedoria não nasceram em nossa geração, muito menos conosco. Ele prosseguiu afirmando que em seus estudos da Escritura, após muita meditação e oração, chega a uma interpretação do texto sob análise. E, após isso, ele lança mão daquilo que os cristãos ortodoxos e comprometidos com a verdade das Sagradas Letras - os pais da igreja, os reformadores, os puritanos - concluíram acerca do mesmo texto. A partir daí, compara sua interpretação com a desses homens e se, como resultado, ele está alinhado com o que estes disseram, ele possivelmente está certo. Se, ao contrário, ele está distante do entendimento majoritário, o risco de estar equivocado é grande. Em síntese, o mesmo Espírito Santo que hoje me ilumina para compreender um texto bíblico, iluminou a mente de (pequenos) grandes homens de Deus ao longo da história. Então, é sempre prudente olharmos para trás e bebermos da fonte onde jorra o cristianismo bíblico, apostólico e reformado. O evangelho de Deus não é uma inovação. Paulo se reporta a este "mistério" como algo que foi, "outrora, prometido por intermédio dos seus profetas (de Deus) nas Sagradas Escrituras" (Rm 1.2). Ou seja, não há nada de novo. A mensagem da cruz permanece exatamente a mesma.

      Novamente, obrigado pela participação.

      Deus a abençoe.

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